É engraçado o que esta terra nos faz...

Quem me conhece sabe que adoro cozinhar... com ou sem Bimby...


Desde miúda que fui eleita como a pasteleira lá de casa e talvez por isso tenha este gosto pela culinária...

O meu pai, sempre que me via fazer um bolo, refilava comigo e perguntava para que estava eu a fazer mais um, para quê mais um doce... na manhã seguinte, metade desse bolo seria o seu pequeno-almoço, com a sua caneca de leite... com carradas de açúcar...

Mas, assim como a minha mãe, tenho, por norma, medo que a comida não chegue e por isso, acaba sempre por sobrar...

Lá em casa um almoço terá sempre bastantes sobremesas, entradas, eu sei lá..... e no fim, há sempre caixas a ser distribuídas por quem quiser... isto se a Luna não as apanhar antes.... lá está...

Mas esta semana dei por mim a reparar no que ando a fazer aqui deste lado do deserto...

Para além de programar a ementa semanal, ainda que não a cumpra a maior parte das vezes, esta simples acção permite-me planear as compras na hora de as fazer, e vocês já sabem que aqui tudo custa em média 3x mais... ainda assim, mesmo com este planeamento que tento cumprir, gasto muito dinheiro no supermercado - cerca de 2500 usd por mês...


Ora bem, esta semana o que fiz foi simples.... Na segunda-feira, fiz um tagliatelli com um molho rico de carne (tirado de um livro que adoro que a minha sogra me comprou no Continente... mas acima de tudo adoro este pequeno livro devido à semelhança que tem com a realidade da cozinha italiana, a real, de todos os dias) - este molho rico de carne basicamente é carne picada (de porco e vaca) e bacon, refogada num molho simples mas delicioso...

Ora bem, como as proporções são em norma para 4 e o Ivan geralmente almoça em casa, aumento a quantidade... Assim, na segunda-feira, não juntei o molho à massa cozida... Cada um faria isso no seu prato... e guardei a massa e o molho, em separado...

Ontem, do mesmo livro, retirei um outro molho mas de atum - das coisas mais simples de fazer.... e aproveitei a massa que restou... e ainda deu para o almoço de hoje do Ivan...

Quanto ao molho que restou de segunda-feira... imaginem o que vai ser o meu jantar hoje: ainda não me decidi entre a lasanha e o empadão mas há-de ser um desses....

E assim não há comida desperdiçada... porque se por norma custa desperdiçar comida... aqui ainda custa mais....


Não sei se quando regressar a Portugal me vou manter assim, mas estou contente comigo mesma... pelo menos, não sendo uma dona de casa perfeita, estou a tentar utilizar os recursos de forma racional...


Cá, não descuro as sobremesas, a bela da garrafa de vinho de vez em quando - e atenção que por exemplo o Duas Quintas, do Douro, aqui custa cerca de 22€.... o Alabastro custa uns 18€....


Não abdico da massa folhada já feita porque ainda não me dispus a faze-la ou melhor, a prepará-la... aquilo do dobrar 3x... e só essa, que tenho lá em casa para fazer um folhado de maçã para o jantar de amanhã, custa cerca de 10€...


Sim, sabem aquelas massas da pizza e quebrada, que se vendem em qualquer supermercado e por vezes por menos de 2€... pois.... são uns 11€.... para isto vale-me a minha Bimby...

... para os gelados, as massas, os iogurtes liquidos e sólidos e tudo o resto de sempre....

... aqui, a poupança da Bimby é visivel.... cada 4 iogurtes custam cerca de 12€... dependendo da marca... o iogurte grego custa cerca de 14€.... pois é...


... eu sei que não sou muito de partilhar estas coisas com vocês... mas esta também é uma das minhas facetas...


E sabem que um outro "problema" é o pão - o pão de forma custa em média 10 a 12€ e até aqueles pães que no Continente se vendem em metades já fatiados, custam acima de 10€... sim, metades, leram bem...

Assim, já tenho lá em casa à minha espera o livro do "Artisan Bread"... vou ser padeira também ;)

Confesso que por um lado, decepciona-me um bocadinho... eu que ajudava a minha avó, que fazia o melhor pão que já comi até hoje (isto das memórias é tramado)... e enquanto ela tendia o pão, já depois de o amassar naquele alguidar enorme, eu punha a farinha na pá.... Éramos sempre as duas nisto....
... nisto, nas brindeiras doces que eram borrifadas com agua e açucar ou pinceladas com a gema de ovo... para depois levarem as enfeites de várias cores por cima... (isto a minha mãe ainda faz)
E lembrar-me que assim que o pão saía quentinho, era uma festa espalhar a manteiga e vê-la derretar.... e mais uma vez, nenhum saberá alguma vez assim... talvez um dia, naquele mesmo forno, que entretanto recuperei, talvez os meus filhos digam o mesmo do pão que a minha mãe amassou... espero que sim, pelo menos...