quarta-feira, 31 de março de 2010

Angola...

Em resposta a uma carta de um brasileiro, que pretendia na altura ir viver e trabalhar para Angola, (em 2002-2004) Patrícia Carvalho, uma dentista brasileira, a viver em Angola desde 2001, escreveu, no seu “blogue” Notícias d’Angola, um texto fantástico, de que aqui reproduzo uma grande parte que ainda hoje retrata a vida daquela bela Terra -  a comparação é com o Brasil, que pessoalmente não conheço, mas talvez a uma escala diferente se possa fazer a comparação com qualquer outro país, um que tenha a história de violência e dificuldades que Angola tem:

Viver no Brasil nos expõe a tantos ou mais riscos do que viver em Luanda. E isso se você vier para a capital, porque se seu trabalho for em alguma outra província, praticamente não há risco nenhum, as pessoas das províncias são bem tranqüilonas, bem tipo o nosso pessoal que vive em cidades do interior. Para quem conhece o Brasil, Angola é muito parecida, tem os mesmos problemas sociais, só que talvez aqui eles sejam um pouco mais visíveis. Luanda tem trânsito, tem lixo, tem barulho, tem favela, como qualquer grande centro urbano do Brasil. Luanda também tem lugares bastante bonitos e belas praias. O povo é lindíssimo e alegre de nascença. A diferença é que o Brasil talvez esconda um pouco melhor a sua parte feia. Não sei qual a real vantagem disso, sinceramente, já que não gosto de máscaras.

Quanto à "não andar sozinho nas ruas", há uma pergunta que não quer calar: você anda sozinho(a) em todas as ruas, becos, favelas e vielas do Rio de Janeiro, por exemplo? Caso sim, parabéns, você é extremamente corajoso(a). Porque eu mesma não ando sozinha em muitos lugares de minha cidade Recife, já que sei que em muitos desses lugares vou estar exposta a algum risco de assalto ou violência. Aqui em Luanda é a mesma coisa. Em Nova Iorque é a mesma coisa. Acho que no mundo todo é a mesma coisa.

O custo de vida é alto sim, mas você tem que ver se a proposta da empresa te dará condições de não sentir muito isso, o ideal seria que a empresa contribuísse com moradia, alimentação e transporte.
(…)


O povo angolano é muito alegre, muito bonito e tem muita coisa pra nos ensinar. Depois de olharmos a cara de alegria desse povo que tem uma vida tão difícil, dá-me a impressão que começamos a entender melhor o Brasil, vir para Angola é descobrir o Brasil, na minha opinião.

Infelizmente, e já pedindo desculpas, agora terei que ser um pouco mais dura... É que eu não conheço você pessoalmente, então preciso colocar umas opiniões particulares minhas. A intenção não é de ser grosseira, mas sim de fazer você tentar não sair daqui falando para as pessoas que não conhecem Angola o que te falaram a respeito do país. É o seguinte, se você não tiver sensibilidade para respeitar as dificuldades e seqüelas de uma guerra em um povo que viveu essa violência - desde a década de 60 até o ano passado - não venha. Mas se você acha que nós no Brasil também vivenciamos uma violenta guerra civil, que dura até os dias de hoje (refiro-me à guerra entre traficantes e polícia), onde, como em toda guerra, quem sai no maior prejuízo é o povo, pode vir que você se habitua rapidamente. Aliás, minto. Angola está bem mais tranqüilo do que o Brasil desde que foi assinado o acordo de paz, há um ano e meio.

Se você não tiver sensibilidade para entender o que é a falta de água em 80% das residências, não venha. Olhe primeiro para o Brasil.

Se você não tiver sensibilidade para respeitar o ritmo de trabalho das pessoas que ganham um salário muito baixo, não venha. Olhe primeiro para o Brasil.

Se você acha que no Brasil não se passa fome, se ainda acredita que só se morre de fome nestes países da África Sub-Sahariana, não venha. Olhe primeiro para o Brasil.


Se você, mesmo que involuntariamente, costuma associar problemas sócio-econômicos à cor da pele das pessoas, não venha. Olhe primeiro para o Brasil.


Se você acha que o Brasil é um país melhor do que Angola, não venha. Olhe primeiro para o Brasil.


Aliás, digo-lhe mais: além de não vir para Angola, é melhor que você saia do Brasil, sugiro que você vá para a Austrália ou talvez para a Dinamarca, porque você certamente não consegue enxergar a verdadeira cara do Brasil e nem percebe a situação em que vive 80% de nosso querido povo brasileiro. Rosto esse que não tira seus encantos naturais e nem muito menos os encantos de seu povo bonito, alegre e mágico, apesar de seu dia-a-dia tão difícil. Assim como ocorre aqui em Angola.

Angola está precisando de pessoas que ajudem a reconstruir a imagem de um país muito bonito, e que tem um povo mais bonito ainda. Se você for uma dessas pessoas, seja bem-vinda.”

HP

Comecei esta semana no ginásio... se me perguntarem se gosto direi que adoro.... se me perguntarem o que sinto, direi que me doem sitios no corpo que eu nem sabia que me podiam doer....

Dizia o meu querido PT que não era apologista da ideia "no pain no gain"...  Ai não? amanhã falamos!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Always... 'till October :)

I'm not afraid of anything in this world

There's nothing you can throw at me that I haven't already heard
I'm just trying to find a decent melody
A song that I can sing in my own company
(...)

You've got to get yourself together
You've got stuck in a moment and now you can't get out of it
Don't say that later will be better now you're stuck in a moment
And you can't get out of it
(...)


And you are such a fool
To worry like you do
I know it's tough, and you can never get enough
Of what you don't really need now... my oh my


You've got to get yourself together
You've got stuck in a moment and now you can't get out of it


Oh love look at you now
You've got yourself stuck in a moment and now you can't get out of it


And if the night runs over
And if the day won't last
And if your way should falter
Along the stony pass


It's just a moment
This time will pass

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ai.......

Há dias em que a nossa loucura (ou melhor, a minha) me leva a sítios que depois ao chegar vejo que afinal são pequeninos. Tudo não passou da incapacidade temporária que vivemos, em determinado momento.

Foi a chuva! Certamente. Eu já não sabia o que era chuva e frio... só pode! Ou então foi o sol!

Mas sinceramente estou com saudades do ritmo lento de Angola... e acima de tudo, daquele "sem maka" de lá... ou ainda... aqui a correria é demais.... acima de tudo de sentimentos, emoções...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Pois...

É em dias como hoje que eu gostava de ter uma bolita de cristal.... Decisões gigantescas que nos vão deixar a vida de pernas para o ar mas que não há meio de sairem cá para fora...

Já estou pior que o boneco: Manda cá para fora!!!

segunda-feira, 22 de março de 2010

As saudades….

Luanda

A alimentação:

Luanda é uma cidade cara. Cerca de 90% dos alimentos em Angola são importados e chegam em contentores, cargueiros que por vezes esperam várias semanas para atracar. Assim, tem alturas em que poderá faltar quase tudo até que chegue um novo carregamento, seja alimentos, roupas, produtos de limpeza, coisas para a casa.

Depois, para se comprar bens essenciais temos algumas cadeias de supermercados espalhadas por toda a cidade e arredores.

O Shoprite, o Mundo Verde e o Nosso Super têm os preços mais populares, embora continuem caros. A Casa dos Frescos é a loja dos abonados, com todas as marcas de um qualquer supermercado português - o tal sítio de que vos falei onde 4 iogurtes líquidos da Danone custam cerca de 11 € - o mesmo que os gelados da Carte D’or ou Olá.


Outra forma de comprar é na zunga. Confesso que ainda não tive coragem…

À beira da estrada, no meio dos carros...

Há de tudo: fruta, legumes, bolachas, ovos, ferros de engomar, frigoríficos, cabides, candeeiros, t-shirts, bonés, telemóveis, torradeiras, bebidas - eu sei lá…Tudo! Até podemos comprar pensos higiénicos ou tampões… por isso…

Um exemplo é a SAMBA… na SAMBA encontramos de tudo à venda… sempre nos vamos distraindo quando chegamos a estar no pára-arranca 2 a 3 horas por dia … quando não são mais… E claro, no resto das ruas da cidade...



Candongueiros

Os nossos táxis. Em Luanda não são como os conhecemos. Esqueçam as filas de Mercedes à espera de passageiros. Táxi, em Luanda, é carrinha Hiace azul e branca -“iáce”, como pronuncia por lá. As vezes não se conseguem contabilizar todos os que lá vão dentro. Os candongueiros são doidos a conduzir, andam em contramão, param onde lhes apetece. Mas já em várias ocasiões ouvi que são eles que fazem a cidade andar. Se é verdade que por vezes os empregados dão os candongueiros como desculpa por chegarem atrasados, a verdade é que sem eles é quase impossível de imaginar a confusão. As viagens podem custar 100 a 150 kwanzas mas para a maioria são o único meio de transporte possível. Também temos depois os velhos Starlets, normalmente vermelhos, que já levam apenas 5 pessoas no máximo… E com o COCAN apareceram o Afro-Táxis. Estes sim, jipes novos, brancos… e caros…



O trânsito é caótico. Impera a lei do mais forte nos cruzamentos – ganham os jipes e veículos de gama alta - e esqueçam as regras de prioridade que conhecemos Nas rotundas não temos necessariamente prioridade se já estivermos a circular, as ultrapassagens fazem-se pela esquerda, direita e em qualquer espaço livre que apareça. Aliás, em qualquer altura pode surgir uma nova fila de trânsito… e não necessariamente no mesmo sentido…

Mas a maior dificuldade é atravessar as ruas.

Escasseiam as passadeiras os condutores não param. A não ser se tiverem espaço até ao veículo atrás e não sem ligarem os 4 piscas… Não imaginam o número de acidentes em passadeiras, na sua maioria portugueses que estão habituados a parar numa passadeira… pois que, inevitavelmente, leva com o carro que vem atrás dele…

Mas, e após tudo isto, devem estar vcs a perguntar: Saudades???

Pois, sabem que apesar de todas estas coisas, toda a aventura que por vezes representa um dia normal, Angola fica no nosso coração. Entra e instala-se, transforma-nos em pessoas mais humildes. Mais humanas. Faz-nos pensar nas coisas...

Há dias assim...

Há dias assim,



Que nos deixam sós.


A alma vazia,


A mágoa na voz.


Não me vou pronunciar em relação ao Festival da Canção, na realidade já lá vai o tempo em que eu ficava à espera de saber quem era o vencedor e depois acompanhava com visivel orgulho a transmissão do Festival da Eurovisão... agora já não mas gostei desta letra... até porque de facto, há dias assim... hoje, para mim, é um deles.
 
Estou cansada que as coisas não sejam puras, simples.
 
Estou cansada de ter uma vida tipo montanha russa... há dias assim, em que só se quer que o belo do carrocel pare... só um bocadinho... para me deixar respirar...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Dia do Pai

Olá Pai,

Neste teu dia e de tantos outros, apenas te posso dizer que para além da tristeza da tua ausência, guardo a ternura do teu sorriso... de trinca-espinhas :)

Guardar-te-ei sempre no cantinho especial do meu coração, aquele reservado apenas a quem toca o divino... aquele que quer levar o genro a lavar o carro, mas numa máquina para lavar camiões... sim, aquela na Benedita, só gostava de ter visto a cara do Ivan naquela manhã de domingo...

Aquele por quem eu moveria céus e terra para fazer feliz! Aquele que me ensinou que na vida não se deve desistir de nada que nos faça bem... e que há sempre oportunidade de recomeçar tudo de novo... Acima de tudo, não desistir, de nada mas acima de tudo de ninguém...


Guardo-te no coração e encontro-te em Alcobaça....





Em Paris.... 


Ou em Malange......


De volta...

Pois é... Já estou de regresso a Portugal... a Lisboa...

Cheguei há 1 mês... e o que posso dizer, é que sinto muitas saudades... do meu marido, claro, mas também do ritmo daquela terra... as coisas lá têm outra importância... lá as necessidades são mais básicas... não é se temos um vestido mais bonito que a outra... se o nosso carro é maior que o do vizinho.... se a nossa casa é maior que qualquer outra na familia... não! Lá, para nós que estamos longe, contam os amigos! Conta o tempo que temos para nós, contam as pequenas aventuras do dia a dia, que na altura nos fazem querer matar alguém mas que depois provocam uma fenomenal gargalhada!
Contamos nós e quem está connosco.

Contam os nossos objectivos...

É verdade que isto é porque as opçoes lá não são tantas... não há tanto para nos dispersarmos... há tempo... calma... tranquilidade...

Algo que depois de 1 mês em Lisboa, já não sei o que é...

Porque somos assim? Queremos sempre o que não temos...

Sim, porque lá, este reboliço fazia-me falta... ter o shopping a 2 passos para comprar fosse o que fosse... ter ali, tudo à mão...

Mas estou no bom caminho, ehehe

Pelo menos já sei guardar o que é bom... Guardar a doçura...