segunda-feira, 22 de março de 2010

As saudades….

Luanda

A alimentação:

Luanda é uma cidade cara. Cerca de 90% dos alimentos em Angola são importados e chegam em contentores, cargueiros que por vezes esperam várias semanas para atracar. Assim, tem alturas em que poderá faltar quase tudo até que chegue um novo carregamento, seja alimentos, roupas, produtos de limpeza, coisas para a casa.

Depois, para se comprar bens essenciais temos algumas cadeias de supermercados espalhadas por toda a cidade e arredores.

O Shoprite, o Mundo Verde e o Nosso Super têm os preços mais populares, embora continuem caros. A Casa dos Frescos é a loja dos abonados, com todas as marcas de um qualquer supermercado português - o tal sítio de que vos falei onde 4 iogurtes líquidos da Danone custam cerca de 11 € - o mesmo que os gelados da Carte D’or ou Olá.


Outra forma de comprar é na zunga. Confesso que ainda não tive coragem…

À beira da estrada, no meio dos carros...

Há de tudo: fruta, legumes, bolachas, ovos, ferros de engomar, frigoríficos, cabides, candeeiros, t-shirts, bonés, telemóveis, torradeiras, bebidas - eu sei lá…Tudo! Até podemos comprar pensos higiénicos ou tampões… por isso…

Um exemplo é a SAMBA… na SAMBA encontramos de tudo à venda… sempre nos vamos distraindo quando chegamos a estar no pára-arranca 2 a 3 horas por dia … quando não são mais… E claro, no resto das ruas da cidade...



Candongueiros

Os nossos táxis. Em Luanda não são como os conhecemos. Esqueçam as filas de Mercedes à espera de passageiros. Táxi, em Luanda, é carrinha Hiace azul e branca -“iáce”, como pronuncia por lá. As vezes não se conseguem contabilizar todos os que lá vão dentro. Os candongueiros são doidos a conduzir, andam em contramão, param onde lhes apetece. Mas já em várias ocasiões ouvi que são eles que fazem a cidade andar. Se é verdade que por vezes os empregados dão os candongueiros como desculpa por chegarem atrasados, a verdade é que sem eles é quase impossível de imaginar a confusão. As viagens podem custar 100 a 150 kwanzas mas para a maioria são o único meio de transporte possível. Também temos depois os velhos Starlets, normalmente vermelhos, que já levam apenas 5 pessoas no máximo… E com o COCAN apareceram o Afro-Táxis. Estes sim, jipes novos, brancos… e caros…



O trânsito é caótico. Impera a lei do mais forte nos cruzamentos – ganham os jipes e veículos de gama alta - e esqueçam as regras de prioridade que conhecemos Nas rotundas não temos necessariamente prioridade se já estivermos a circular, as ultrapassagens fazem-se pela esquerda, direita e em qualquer espaço livre que apareça. Aliás, em qualquer altura pode surgir uma nova fila de trânsito… e não necessariamente no mesmo sentido…

Mas a maior dificuldade é atravessar as ruas.

Escasseiam as passadeiras os condutores não param. A não ser se tiverem espaço até ao veículo atrás e não sem ligarem os 4 piscas… Não imaginam o número de acidentes em passadeiras, na sua maioria portugueses que estão habituados a parar numa passadeira… pois que, inevitavelmente, leva com o carro que vem atrás dele…

Mas, e após tudo isto, devem estar vcs a perguntar: Saudades???

Pois, sabem que apesar de todas estas coisas, toda a aventura que por vezes representa um dia normal, Angola fica no nosso coração. Entra e instala-se, transforma-nos em pessoas mais humildes. Mais humanas. Faz-nos pensar nas coisas...

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