terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Por estes dias...

Trancar o dedo numa porta dói.

Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
dói morder a língua,
dói cólica, cárie e pedra no rim.


Mas o que mais dói é a saudade.


Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.


Saudade do pai que morreu,


do amigo imaginário que nunca existiu.


Saudade de uma cidade.


Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.


Doem essas saudades todas.


Mas a saudade mais dolorida


é a saudade de quem se ama.


Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
(...)

Saudade é basicamente não saber.
(...)
Saudade é não saber mesmo!


Não saber o que fazer
com os dias que ficaram mais compridos;
não saber como encontrar tarefas
que lhe cessem o pensamento;
não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não saber como vencer a dor
de um silêncio que nada preenche.


Saudade é nunca mais saber de quem se ama,
e ainda assim doer...


Saudade é isso que senti
enquanto estive escrevendo
e o que você, provavelmente, está sentindo
agora depois que acabou de ler.

Miguel Fallabella

.... de várias coisas... pessoas....

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